domingo, 6 de janeiro de 2013

De A a Z - 100 legados japoneses

NAIARA MAGALHÃES, RENATA MORAES E THAÍS OYAMA
As contribuições dos imigrantes e seus descendentes que ajudaram a mudar as feições  do Brasil

Quando o navio Kasato Maru atracou no Porto de Santos, em São Paulo, em 18 de junho de 1908, os 781 imigrantes japoneses nele embarcados achavam que o Brasil não passava de um destino temporário — logo, logo voltariam para casa. Os brasileiros, por sua vez, viam nos recém-chegados visitantes cuja única contribuição ao país seria o trabalho braçal nas lavouras de café. Pois é. Apenas 10% dos quase 190 000 imigrantes que aportaram aqui antes da II Guerra retornaram ao Japão. Os outros 90% ficaram para sempre — e ajudaram a mudar a face da terra de adoção. Na agricultura, introduziram a soja (atualmente, 20% das exportações do agronegócio) e novas máquinas e métodos de cultivo; na alimentação, uma infi nidade de frutas, pratos e temperos antes desconhecidos. Cem anos depois da chegada dos pioneiros, no entanto, o maior legado japonês continua sendo o seu povo: 1,3 milhão de descendentes, a maior comunidade nikkei fora do Japão. O Brasil não seria o mesmo sem eles.
Acupuntura
Embora tenha sido criada pelos
chineses, chegou ao Brasil pelas mãos dos japoneses






Animê
Os desenhos animados japoneses são exibidos no Brasil desde os anos 60, mas viraram febre com Os Cavaleiros do Zodíaco, nos anos 90

Amendoim japonês
O amendoim coberto com uma casquinha crocante, temperada com molho de soja, foi criado no Brasil por nikkeis



Assaí
A cidade paranaense foi fundada por imigrantes e ganhou deles o seu nome – “Asahi” quer dizer “sol nascente” em japonês
Ala japonesa da escola de samba Barroca Zona Sul
Chegou a ter 600 foliões. Dissolveu-se em 1991, com a ida em massa de nikkeis (japoneses e descendentes) para o Japão. Mas os foliões de olhos puxados continuam animados
AJI-NO-MOTO
O tempero japonês “que realça o sabor dos alimentos” está na cozinha brasileira há mais de cinqüenta anos





Alunos aplicados
Os nikkeis representam 15%, em média, dos aprovados na Fuvest, embora sejam 0,7% da população brasileira

Budismo
Originário da Índia e introduzido no Japão pelos coreanos, foi popularizado no Brasil pelos imigrantes. Hoje, dois terços dos 214 000 budistas do país não têm origem japonesa
Bairro da Liberdade
Recebeu os primeiros imigrantes no início do século XX. Hoje, com suas lojas, restaurantes e festivais japoneses, virou um dos principais pontos turísticos de São Paulo

Bares que guardam uísque com o nome
do dono

Foram os estabelecimentos japoneses que difundiram por aqui a tradição britânica de pôr o nome dos clientes nas garrafas
Broto de feijão
Vendido em saquinhos plásticos, o “moyashi” foi incorporado à salada dos brasileiros

Beisebol
Foi difundido como esporte
no Brasil pelos japoneses
Bardana
Trazida pelos japoneses, a
raiz de propriedades desintoxicantes começou a ser disseminada no país pelos adeptos da macrobiótica



Bastos (SP), amaior produtora de ovos no Brasil
Na década de 30, um imigrante levou cinqüenta galinhas para a cidade. Hoje, Bastos responde por 18% da produção nacional
Brincadeira de
"pedra - papel - tesoura"

Nasceu no Japão — onde se chama jan-ken-pon — o jogo em que os participantes mostram simultaneamente a mão reproduzindo um dos
três objetos



Banco América do Sul
Criado em 1944 para financiar as atividades agrícolas da comunidade, foi vendido ao Sudameris em 1998
Bonsai
A técnica de cultivar árvores em miniatura, que os japoneses herdaram da China, produziu no Brasil variedades que não existem em nenhum outro lugar, como o bonsai de jabuticaba


Bambu
O uso decorativo da planta, dentro de casa ou em arranjos de jardim, é herança da cultura japonesa
Caqui doce
Antes de os imigrantes trazerem essa variedade da fruta, em 1916, os brasileiros só conheciam o caqui do tipo adstringente, aquele que “amarra a boca”





Cerejeira
A árvore nacional do Japão, cuja flor simboliza a felicidade, tem 1 500 pés plantados no Parque do Carmo, em São Paulo. A florada, entre julho e agosto, atrai 4 000 visitantes
Cooperativa de Cotia
Fundada em 1927, foi a maior das mais de 140 instituições criadas pelos japoneses para organizar a produção e a venda de produtos agrícolas no país. Faliu em 1994




Cabochá
A abóbora trazida do Japão na década de 70 é usada pelos brasileiros para fazer sopas e doces
Chinelo de dedo
O zori, feito de palha, foi o inspirador das hoje internacionalmente famosas sandálias Havaianas



Carpa
No Japão, no “Dia dos Meninos”, as famílias hasteiam carpas de tecido diante das casas, para que seus filhos cresçam fortes, saudáveis e leais — como se acredita que sejam esses peixes. No Brasil, eles começaram a ser comercializados na década de 70
Cerâmica japonesa
Os imigrantes trouxeram a técnica de queima a altas temperaturas em forno a lenha




Cinturão verde
Foi por insatisfação com o baixo retorno do café que os japoneses partiram para o cultivo de hortaliças no entorno da capital paulista, dando origem ao maior cinturão verde do país


Crisântemo
É a flor-símbolo da família imperial do Japão. As primeiras sementes chegaram ao Brasil pelas mãos dos imigrantes, antes da II Guerra

Cosplay
É a brincadeira em que fãs de quadrinhos e animês se caracterizam como os personagens das histórias. Aqui, festivais de cosplay já chegam a reunir 80 000 participantes
Chá verde
Tomado pelos japoneses antes, durante e depois das refeições, conquistou os brasileiros pelos benefícios que traz à saúde — e também à silhueta
Cão da raça Akita
O cachorro que acompanhava os samurais chegou ao Brasil nos anos 70. Tem os olhos ligeiramente puxados e fama de só latir quando é preciso




Daruma
A imagem do fundador do zenbudismo virou talismã no Japão — e depois no Brasil: faz-se um pedido e desenha-se a primeira pupila do boneco. Quando o desejo é atendido, pinta-se o outro olho


Desenvolvimento do cerrado
Na década de 70, os japoneses mudaram a cara da região — o solo pobre que só servia a pequenas culturas de mandioca e feijão passou a ser grande produtor
de soja

Doce de feijão (manju)
Os japoneses não usam mais do que quatro ingredientes para fazer quase todos os seus doces: farinha de arroz, de trigo, açúcar e feijão azuki — esse último trazido ao Brasil pelos imigrantes



2,7 bilhões de dólares
É o valor que os dekasseguis (como são chamados os japoneses e descendentes que saíram do Brasil para trabalhar no Japão) remetem anualmente ao país

Futon
O “colchão” dos japoneses é usado esticado e dobrado, liso e colorido,
na sala ou no quarto
dos brasileiros





Gateball
Inspirado no críquete, o jogo que começou entre os velhinhos japoneses tem hoje 15 000 praticantes
no Brasil


Flor de lótus
Foi trazida por adeptos do budismo, que vêem nela um símbolo da expansão espiritual
Gaijin, o filme
O clássico da cineasta Tizuka Yamazaki conta a saga dos imigrantes japoneses no Brasil


Hashi
Para muitos brasileiros, comer com “palitinhos” já não é tarefa complicada
Haicai
A poesia de três versos o influenciou o trabalho de poetas brasileiros, como os concretistas Haroldo e Augusto de Campos



Hashi enfeitando o cabelo
Como os japoneses, os brasileiros descobriram outras utilidades para
os palitinhos



Hospital Santa Cruz
Fundada em 1939 pela comunidade japonesa, a instituição paulista é referência em
medicina preventiva

Ikebana
A arte japonesa do arranjo floral tem origem no xintoísmo — nasceu como oferenda aos deuses



Junco
Usada na produção de cestos, esteiras e móveis, a planta foi trazida por um imigrante em 1931

Kanjis
A plasticidade dos caracteres japoneses fez com que eles virassem tatuagens e motivos de camisetas

Karaokê
Um dos passatempos preferidos dos japoneses, tornou-se sucesso no Brasil, que tem 117 casas especializadas apenas na cidade de São Paulo


Kotsu anzen omamori
O saquinho de pano bordado é um amuleto de proteção contra acidentes de carro. Usa-se pendurado no espelho retrovisor


Kinkakuji
O templo construído em Itapecerica da Serra (SP) é uma réplica do Pavilhão Dourado, um dos cartões-postais de Kioto, no Japão

Karatê
Assim como a arte marcial originária da província de Okinawa, também o judô, o kendô e o aikidô são herança japonesa


Luminárias de papel
Feita com armação de bambu, era usada para iluminar o interior das casas. Aqui, virou objeto de decoração






Mestiços
No Brasil de
hoje 27% dos descendentes de japoneses são miscigenados

Matsu
O pinheirinho, símbolo de vida longa, é encontrado em jardins japoneses e brasileiros

Monumentos aos imigrantes japoneses
Erguido na cidade de Santos, é homenagem aos 90 anos da imigração japonesa no Brasil




Manabu Mabe
O pintor japonês, que chegou ao Brasil em 1934, foi um dos pioneiros da arte abstrata no país

Maneki-neko
Nascido de uma lenda japonesa, o gatinho com a pata levantada, acredita-se, acena para a sorte e traz clientes para os lojistas
Método Kumon
A técnica japonesa de aprender matemática e línguas foi ensinada pela primeira vez em Londrina (PR), em 1977

Miss Nikkei
Desde 1957, concursos elegem a descendente de japoneses mais bonita do Brasil
Maçã Fuji
Chegou ao Brasil em 1971, quando passou a disputar mercado com a maçã argentina

Mangá
As histórias em quadrinhos japonesas são lidas por mais de 1 milhão de pessoas no Brasil — crianças, jovens e adultos também
Máquina colhedora
de café

A primeira do mundo foi inventada pelo imigrante Shunji Nishimura, em 1979, na cidade de Pompéia (SP)

Neusinha
Personagem de Mauricio de Sousa, a namorada de Pelezinho é descendente de japoneses, como boa parte da população de Mogi das Cruzes (SP), onde o desenhista
passou a infância
National Kid
A série de TV transmitida no Brasil nos anos 60 e 70 foi mais popular aqui do que no Japão. Depois dela, vieram ainda Ultraseven e Ultraman

Origami
Os imigrantes japoneses foram os primeiros a ensinar como se faz de caixinhas a dragões dobrando um papel
Ofurô
Os imigrantes ensinaram os brasileiros a se banhar em tinas com água bem quente — o que, para os japoneses, quer dizer não menos de 40 graus

Pasta de soja
Digestiva e desintoxicante, é a matéria-prima do missoshiro, ou sopa
de missô
Poncã
A fruta é resultado do enxerto de um tipo
de tangerina japonesa em um limoeiro brasileiro
Programa Imagens
do Japão

A atração, que começou na TV Tupi, em 1970, durou até 2005, sempre comandada pela sorridente Rosa Miyake
Pepino japonês
O tipo mais conhecido, chamado Aodai, foi trazido pelos japoneses
nos anos 30

Pavilhão Japonês no Parque Ibirapuera
Construído em 1954, foi um presente da comunidade nipo-brasileira à cidade de São Paulo, na comemoração de seus 400 anos
Pastel de feira
Inventado pelos chineses a partir do tradicional “rolinho primavera”, foi popularizado no Brasil pelos japoneses

Plantio de hortaliças em estufas
Foi introduzido por integrantes da Cooperativa Agrícola de Cotia, que viajaram ao Japão para aprender a técnica
Pimenta-do-reino
O chefe de uma embarcação que chegou com imigrantes em 1933 trouxe vinte mudas da especiaria, cultivada, sobretudo, no Pará

Rabanete
No início, os imigrantes plantavam a raiz em seus quintais, para consumo próprio. Só mais tarde passaram a vendê-lo
Rádio Taissô
É a ginástica praticada segundo as orientações de uma rádio (no caso do Japão, a NHK). No Brasil, os 12 000 praticantes seguem os comandos ouvindo CDs

Raiz-forte
A pasta verde e ardida que faz chorar os desavisados realça o sabor do peixe cru e ainda tem ação bactericida
Rámen ("Miojo")
O macarrão instantâneo chegou ao Brasil em 1965 com a marca japonesa Nissin

Sabrina Sato
A mãe é nissei (filha de japoneses), o pai, descendente de suíços e libaneses — o resultado da mistura é a apresentadora, nova unanimidade nacional
Sushiman
O país tem em torno de 2 500 profissionais — e apenas a minoria é descendente de japoneses

Seicho-no-ie
Misto de filosofia e religião com base no poder do pensamento positivo, já teve mais adeptos no Brasil — hoje, são apenas 27 000. Mas muito mais gente tem a folhinha em casa
Saquê
A bebida que vem da fermentação do arroz deu origem a uma nova versão da caipirinha: a “saqueirinha” — que, além de saborosa, é menos calórica que a original, de pinga

Sumô
Embora os praticantes brasileiros (a maioria sem ascendência japonesa) não passem de 600, eles têm se saído bem — de 1996 a 2002, três ficaram entre os melhores do mundo
Sushi
Servido apenas em dias de festa no Japão, tornou-se o item mais popular da culinária japonesa no Brasil

São Paulo Shimbun
Bilíngüe, o maior jornal da comunidade japonesa circula desde 1946
Shiatsu
A massagem que usa a pressão dos dedos para aliviar a tensão do corpo é uma das mais difundidas no Brasil

Sukiyaki
O cozido de carne, legumes e macarrão foi um dos primeiros pratos japoneses a cair no gosto dos brasileiros
Shoyu
Os japoneses não vivem sem. Os brasileiros o adotaram e usam até para temperar salada

Sashimi
Caprichosamente cortada, a fatia de peixe cru é servida acompanhada de raiz-forte e shoyu (no caso dos brasileiros, muito shoyu)
Sumiê
Nascida na China, a arte da pintura com tinta monocromática e pinceladas rápidas chegou ao Brasil na década de 30, com o pintor japonês Massao Okinaka. A técnica infl uenciou artistas como Mira Schendel e Amilcar de Castro

Soja
Até o século XIX, a soja era plantada na Bahia em pequena escala para fabricação de ração animal. Foram os imigrantes que disseminaram sua produção e consumo no país
Tabi
A meia de dedinhos já desfi la em pés modernos, mas quem lançou a moda foram as vovós japonesas, que usavam o acessório com tamancos
Tatame
O piso japonês é usado para a prática de artes marciais, em rituais religiosos, na cerimônia do chá e na decoração de casas brasileiras
Temaqueria
As lojas que vendem os cones de alga recheados com arroz e peixe são moda em São Paulo e
no Rio

Tofu
Depois dos japoneses, vieram os vegetarianos — hoje, muita gente já conhece o queijo de soja rico em proteínas
Tomie Ohtake
Um dos nomes mais importantes das artes plásticas no Brasil, a pintora naturalizada brasileira lidera um clã famoso — é mãe do arquiteto Ruy Ohtake e do arquiteto e designer gráfico Ricardo Ohtake
Uva Rubi
Em 1973, o fruticultor Kotaro Okuyama notou um cacho avermelhado em sua cultura de uva itália e tratou de multiplicar a nova variedade
1,3 milhão
de descendentes espalhados pelo Brasil, formando a maior comunidade nikkei fora do Japão
Urashima Tarô
Ainda está na memória dos quarentões o simpático personagem do comercial da Varig que inaugurou o primeiro vôo direto Brasil—Japão,
em 1968
Yakult
O leite fermentado com lactobacilos que acompanha os brasileiros há três gerações foi invenção de um médico japonês
Yakisoba
De origem chinesa, o macarrão frito foi popularizado no Brasil pelos japoneses
Zen
A palavra que dá nome a uma das escolas budistas virou sinônimo de “tranqüilo” no Brasil. Diz-se, por exemplo: “Fulano está zen”

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